Do blog de Mirian Leitão

Enviado por Míriam Leitão - 26.2.2010| 9h30m

NA CBN

Lula deveria ter criticado Cuba, não o morto
Foi muito ruim esta semana para a política externa brasileira. A cena em que o presidente Lula se confraterniza com seus assessores e os Castro, em Cuba, no mesmo momento em que o país está de luto pela morte de um dissidente, é constrangedora. E os detalhes do enterro do preso político Orlando Zapata foram horrorosos, era praticamente estado de sítio. Muitas pessoas não puderam ir ao enterro, alguns foram presos e os jornalistas que estavam lá, ameaçados com a não renovação do visto de trabalho. Uma barbaridade.

Zapata estava preso desde 2003 por desacato, imagine só se ele poderia ficar oito anos preso por isso. Sem contar que a condenação era de 30 anos. Parece que, em uma manifestação, ele teria desacatado um policial, mas isso é motivo? Só mesmo numa ditadura.

E o presidente Lula foi lá e nada falou sobre esses absurdos de atentado aos direitos humanos - o que é bem diferente da política externa adotada com Honduras, quando o Brasil criticou o golpe. Isso mostra que a política externa tem dois pesos e duas medidas. Como disse o ex-chanceler Luiz Felipe Lampreia, é omissa em relação aos amigos, mas estridente com os outros.


O jornal "El País", que considerou Lula o homem do ano, criticou a omissão do presidente, dizendo que ele não poderia ter se negado a manifestar-se sobre o assunto. Existem outros 200 presos políticos em Cuba e 25 deles com a saúde abalada.

Os governantes devem visitar o país, e não o governo apenas. Por isso, ele tinha que ter se encontrado com a oposição e ter falado algo diferente do que falou. O que Lula fez foi criticar o morto pela greve de fome, e não o país, que o levou ao desespero da greve de fome até a morte.

Ouça aqui o comentário na rádio CBN

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