Prova com palavrão é aplicada para alunos do 4º ano no Acre

Ana Paula Batalha
Do UOL, em Rio Branco
  • Efigênia Ferreira/Arquivo Pessoal
    Prova aplicada para alunos do 4º ano do ensino fundamental
    Prova aplicada para alunos do 4º ano do ensino fundamental
Uma prova de língua portuguesa com utilização de palavra obscena foi aplicada em uma escola estadual de ensino fundamental no Acre e causou polêmica entre pais de alunos. Na prova, a palavra "pica" (termo chulo para órgão sexual masculino) foi usada no lugar da fala original da personagem Magali em uma tirinha alterada da Turma da Mônica. 

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O texto original é o seguinte:
- Cebolinha: "Eu quelo um saco de pipoca"
- Pipoqueiro: "E a garotinha?"
- Magali: "O que sobrar!"
A prova foi aplicada no dia 7 de outubro aos alunos do 4º ano do ensino fundamental da Escola Luiza Batista de Souza, mas os pais dos alunos tiveram acesso ao conteúdo do exame na última sexta-feira (25) durante uma reunião escolar. Eles se dizem constrangidos com o acontecimento.
A denúncia foi levada a público pela economista Efigênia Ferreira, 36, mãe do aluno Pedro Vinícius, 9 anos, que diz ter ficado espantada quando teve acesso a prova do filho. Segundo ela, ao questionar o conteúdo, a professora informou que o exame foi avaliado e aprovado pela coordenação da escola.
"Durante reunião escolar eu conversei com a professora e ela informou que não havia maldade na expressão para as crianças, que a maldade era vista somente pelos adultos. Ela falou também que o exame foi avaliado e aprovado pela coordenação da escola", disse.
A mãe ressalta que o filho chegou a comentar que, durante a avaliação, as crianças falaram para a professora que havia imoralidade escrita na prova.
"Eu e outros pais ficamos constrangidos com a situação. Quando cheguei em casa analisei a prova novamente para entender se encontraria algo positivo naquela questão, mas não consegui ter a mesma visão da professora", ressaltou.

Erro na revisão da prova

A professora responsável pela prova, Francisca Ermina, disse que o erro pode ter acontecido durante a revisão da prova feita pela coordenação da escola. Ela, que trabalha há 25 anos como professora, diz nunca ter passado por isso anteriormente.
"No rascunho era outra expressão, a funcionária que elabora a prova puxou a tirinha da internet e não deve ter percebido que ela estava com a expressão errada. Quando a gente recebeu a prova, vi a expressão e não achei maldade nenhuma", contou.

"Copiar e colar"

A Secretaria de Educação do Acre, por meio de nota, informou que a equipe escolar assumiu a operação "copiar e colar" da internet e que resultou neste problema. O órgão afirmou que a direção de todas as unidades escolares está sendo orientada a melhorar nos cuidados de elaboração e revisão dos materiais.
"Ao acessar a internet não se teve o cuidado devido de observar a versão que estava sendo copiada, cujo conteúdo é impróprio e não recomendado para uma instituição escolar", diz a nota.

"Copiar material não autorizado gera erros graves"

Segundo a assessoria de imprensa do escritor Mauricio de Sousa, autor das histórias da Turma da Mônica, escolas e entidades ligadas à educação constantemente publicam tiras produzidas pelo estúdio em provas ou edições (livros e apostilas) para uso didático.
A assessoria informa que somente em 2013, foram mais de 500 autorizações, todas formalmente encaminhadas para o estúdio. Todas as solicitações receberam uma arte com boa qualidade para publicação.
"Casos como este, ocorrido em uma escola do Acre, usando uma tira nossa com texto adulterado demonstram que a prática de copiar material não autorizado, principalmente da internet, gera erros graves, que não apenas desagradam ao autor, mas também aos pais que desejam uma qualidade de ensino melhor para seus filhos", afirma a nota da assessoria. 
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