Lixo do Natal eleva renda de catadores

RECICLAGEM

Incremento, segundo a Sesan, é de 60% e a coleta é feita de porta em porta

Com as festas de final de ano, e o aumento do volume de lixo produzido na cidade, os catadores de materiais recicláveis esperam um incremento na renda familiar em torno de 60%, se comparado aos demais períodos do ano. Mensalmente, cada associado do Centro de Triagem de Materiais Reciclados, administrado pela Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan), recebe aproximadamente R$ 520. Nos meses de outubro, com as festividades do Círio, e em dezembro, com as festas de Natal e Réveillon, a renda dos catadores geralmente ultrapassa R$ 820.

Dona Maria José, 58, e o marido Antônio Guedes, 67, trabalham há mais de 30 anos coletando e vendendo materiais recicláveis. Eles fazem parte de uma cooperativa de catadores que trabalha no Centro de Triagem da Sesan. "Em janeiro vamos começar a vender todo o material coletado após as festas de final de ano. Espero que a renda extra seja maior que no Natal do ano passado que foi de R$ 300", lembra dona Maria José.

Os produtos recicláveis são recolhidos porta a porta, em ruas dos bairros da Pedreira, Marco e Umarizal. O beneficiamento acontece em um grande galpão de 1.200m², com capacidade para processar quatro toneladas de material por dia. O Centro é equipado com prensa, empilhadeira, balança e carrinhos plataforma, o que garante mais agilidade no trabalho dos catadores.

Os 90 associados que trabalham com a triagem do material contam com o apoio da Prefeitura de Belém, que fornece a logística de coleta com caminhões e carrinhos de recolhimento, além de botas e luvas. A manutenção do espaço e a logística administrativa é compartilhada entre a administração municipal e os catadores e os recursos provenientes da venda são totalmente divididos entre os associados.

Para a coordenadora do Centro de Triagem, Jecira Leão, o mês de outubro ainda é o mais rentável economicamente para os catadores. "O lixo produzido pelas romarias do Círio são coletados de uma só vez e em grandes volumes. Assim, o esforço operacional dos catadores é bem menor. Em dezembro, toda a produção de recicláveis está fragmentada e os catadores precisam ir de porta em porta recolher o material, o que demanda mais tempo e maior esforço", explica.

A coleta de recicláveis na área comercial de Belém é feita todas as noites por um grupo de 25 catadores associados. Raquel Marques, 34, diz que nesta época do ano a caçamba coletora precisa fazer pelo menos quatro viagens extras para transportar tanto material. "Nesses últimos dias, temos recolhido uma quantidade muito maior de papelão e materiais plásticos descartados", informa a catadora, que pretende antecipar um mês de aluguel com a renda extra de final de ano.

CRESCIMENTO



De acordo com a Sesan, a produção diária de lixo domiciliar em Belém cresce aproximadamente 40% neste mês de dezembro. A média de mil toneladas produzidas na capital passou para 1,4 mil toneladas nos primeiros 25 dias do mês. A produção de lixo domiciliar no mês de dezembro é equivalente ao volume produzido em outubro, na festividade do Círio de Nazaré.

"Temos, em outubro, uma maior produção de lixo em decorrência do aumento populacional, já que muita gente vem prestigiar a festividade do Círio. Em dezembro, o que ocorre é o grande descarte de produtos e embalagens", avalia o diretor da Sesan, Janary Pinheiro.

O crescimento da produção do lixo no último mês do ano é uma realidade em todo o País. Um estudo da Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), realizado em 364 cidades brasileiras, mostra que a média de geração de lixo no Brasil é de 1,1 kg por habitante dia, padrão próximo aos dos países da União Europeia, cuja média é de 1,2 kg por dia por habitante. A diferença é que nos países desenvolvidos, há uma cultura forte da reciclagem, enquanto que no Brasil, esse hábito não faz parte do cotidiano da maioria da população.

De acordo com a Sesan, menos de 1% de todo esse lixo é reciclado através da coleta seletiva porta a porta. "Conseguimos aumentar este ano a coleta seletiva de 0,6% para 1%, com apoio logístico às cooperativas e a implantação da coleta seletiva na área comercial. No entanto, precisamos massificar com campanhas educativas para incentivar a população a separar o lixo antes de descartar para coleta", ressalta o diretor da Sesan.
-O Liberal


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